quinta-feira, 8 de setembro de 2011

O Pecado Capital III (O Dinheiro na Arte)

Por: Rogério Mansera

A Arte é quinta-essência do pensamento humano. Através dela é possível imprimir o sentimento. A arte colabora com a história quando registra os anseios e desventuras do homem de seu tempo. Ninguém está imune à arte. Uma obra de arte é atemporal, e por seu conteúdo quase sagrado agrega angustias, venturas e interesses do homem, por isso, é imune à aflição do tempo. Não há dinheiro que compre ou molde o espírito criativo. Visto a maioria dos homens que deixaram sua ilustre contribuição para história da humanidade, como Leonardo da Vinci ou Mozart, jamais gozaram de confortos como usufruem hoje nossos artistas populares. Segundo a ótica financeira, a importância da obra é irrelevante frente a quanto possa faturar. Dessa forma, o dinheiro pode suplantar a arte e calá-la, despejando na mídia o que há de mais tosco com o claro objetivo de idiotizar o populacho. Por isso, no Brasil, a Arte resumiu-se a franca exposição.
A indústria musical é de longe o cenário mais pavoroso por ser de melhor aceitação popular – dizem que a música amansa as feras. As letras das músicas se resumem a clichês quando não ostentam apenas uma ou duas frases, a pobreza é tamanha que dependente do estilo todas as músicas parecem iguais. Não é a toa que Roberto Carlos ganhou o epíteto de “Rei” por seus méritos comerciais e não pela grandeza da obra. A música em si, ficou relegada ao segundo plano. Dirá os sucessos de Restart, Belo, latino e Calipso... Uma extensa fauna que junta não chegaria aos pés de um Carlos Gomes. A Dança foi desvalorizada com a erotização e virou um trampolim para as capas das revistas masculinas. A literatura agoniza... Bruna Surfistinha é seu ícone e Paulo Coelho baluarte – Machado de Assis não teria a menor chance no mercado editorial nos dias de hoje. Nosso Cinema está corrompido, os grandes sucessos contam com a mão maligna da Rede Globo. As “comédias românticas” recheadas de clichês do cinema americano povoam as telas, enquanto os filmes “sérios” não duram dias em cartaz – Maior piada é ver “Lula o Filho do Brasil” concorrendo a uma indicação para o Oscar. É de matar de vergonha! A mesma que senti ao ver no programa da Luciana Gimenes - exemplo mor do vazio artístico nacional - um camarada pintando roupas em “modelos” seminuas sendo chamado de artista plástico...

-A que ponto nós chegamos!
               
A Política, um refinamento grego à nossa organização social, virou o abrigo da escória. Eles oprimem o povo e causam o terror na classe média, vivem de viabilizar bons negócios para si. Institucionalizam o crime, a miséria e a ignorância. A religião, que deveria encaminhar os fiéis, incutir-lhes os valores cristãos, abriga uma súcia de estelionatários. Afastam o homem do caminho da leitura e das artes, incutem-lhe a ambição da prosperidade no dinheiro. Fazem uma verdadeira lavagem cerebral para que a res não perceba que sustentam seus luxos. O que fora antes instituído com fim de promover o bem comum, agora serve aos desígnios da cobiça. Não é à toa que transitam um pelo meio do outro. Vide exemplos de Tiririca, Agnaldo Timóteo, Bispo Crivella, Mulher Pera, Padre Marcelo Rossi, Mulher Melão, Senador Magno Malta, Ex-BBBs e muitos outros, cuja simples lembrança me causa repugnância. E o povo segue cada vez mais alienado, morto por dentro. Como zumbis, cujo ser interior fora substituído pelo universo televisivo. Mantidos alimentados, aptos para o trabalho e ao exercício da democracia.Transformando-se em selvagens que podem sair do "controle" a qualquer momento.
Estamos caminhando a passos largos em direção à barbárie. Graças a sanha alucinada pelo dinheiro. A miséria intelectual se refletindo na miséria financeira. Prova de que o pecado, realmente, pode nos levar ao inferno.

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