Por: Pedro Garcia
Hoje, todos os holofotes destinados ao futebol estão voltados ao Barcelona, e não sem mérito. A filosofia proposta por Johan Cruyff quando era técnico no final dos anos oitenta, é seguida até hoje. O Barcelona passou a dar suma importância à categoria de base, valorizando desde o inicio um sistema de jogo padrão. Do “fraudinha” ao profissional, todos jogam da mesma forma. A proposta é que com a ascensão destes atletas ao time principal eles já tenham um entrosamento estabelecido ao longo dos anos juntos na categoria de base. O resultado final, ao menos para esta “safra de jogadores”, é fabuloso. Com toques precisos e um posicionamento quase perfeito em campo, a impressão que tenho é que poderiam jogar vendados. O Barcelona de hoje é fantástico, pois consegue conciliar disciplina tática com técnica apurada, pra se ter uma idéia, no ano passado, os três finalistas na eleição de melhor jogador do mundo são jogadores do Barcelona. Ainda assim eles não são imbatíveis, até por que se fossem, o esporte seria outro. No futebol estamos acostumados com resultados inacreditáveis, viradas históricas, gols duvidosos e uma serie de coisas que seria muito mais fácil para um místico explicar que um cronista esportivo, além disso, uma das razões pelo qual acredito que o futebol seja o esporte do mundo, é a oportunidade de se divertir com a prática, e neste quesito ninguém é tão bom quanto o brasileiro. E atualmente nenhuma equipe se diverte mais que o Santos. E como é divertido vê-los jogar, mesmo quando a equipe não está bem e de repente perde, no fim da partida sempre há algum lance empolgante para se comentar, às vezes é um drible do Neymar, outras um passe mágico do Ganso, mas sempre há o que falar. O Santos assim como o Barça investe nas categorias de base. Nenhum outro clube brasileiro produz tantos bons jogadores quanto o Santos. Mais da metade da equipe campeã da Libertadores é formada por garotos que vieram da base. Não existe por lá uma filosofia ou cartilha que doutrine os meninos a determinada tática ou coisa do tipo, eles são ensinados a jogar futebol e se divertir. É impressionante a predisposição ofensiva da equipe, mesmo hoje com Muricy Ramalho no comando, um técnico acostumado a formar times burocráticos e com estrutura defensiva sólida, os “meninos” não param de atacar. Gosto desta combinação, aplicação defensiva imposta pelo técnico + vocação ofensiva dos jogadores.
Graças aos “Deuses do Futebol”, existe uma grande possibilidade destas duas equipes se enfrentarem em dezembro, no mundial interclubes. Aguardo ansiosamente este duelo: supremacia tática versus futebol mais divertido do mundo.