quinta-feira, 2 de junho de 2011

Encenação

           Mas, quem há de ir por nós? 
           Eis-me aqui! Disse eu...
Foi quase nesse tom que me pus a ver e rever, anotar e escrever sobre política; falar deste assunto, em que as pessoas, já tão desesperançosas ou desesperadas por conta do seu ‘pão de cada dia’(busca que não cessa), sem saber bem o porquê, evitam. É no mínimo desafiador. Mas, cá, estamos e subsídios não me faltam nesta semana pomposa de encenações e reviravoltas no cenário político brasileiro.
Acho conveniente antes explicar que o governo no Brasil é baseado, segundo sua própria Constituição, em cinco princípios fundamentais: a Soberania, a Cidadania, a Dignidade, os Valores Sociais do Trabalho e da Livre Iniciativa e o Pluralismo Político, sob esses princípios  estão o chefe de Estado, o Presidente, e seus ‘auxiliares’, os Ministros, assim como o Congresso Nacional representado por deputados e senadores. Destes, apenas os ministros não são eleitos pelo voto direto, ou seja, apenas essas pessoas não passam pelo crivo democrático de representação de interesses, pois eles são indicados pelo presidente ,o que me dá o direito de dizer que nessa escolha o povo, sempre culpado de todos os malefícios que lhe assola, não tem responsabilidade.
Feita esta ressalva, vamos aos ‘causos’: o nosso Ministro da Casa Civil Antonio Palocci, que fora ainda no primeiro mandato do Governo Lula demitido do Ministério da Fazenda por conta de acusações oriundas do tempo em que foi Prefeito de Ribeirão Preto( o que o associava a outros escândalos, envolvendo tantos níveis hierárquicos que até o caseiro precisou se explicar), agora com Dilma, novamente considerado o homem forte do Governo, acaba de ser convocado a explicar publicamente o crescimento de seu patrimônio em 20 vezes durante o período em que exercia o mandato como deputado e coordenava a campanha da, então, candidata Dilma Rousseff.
Foi convocado numa votação relâmpago a dar as devidas explicações à Comissão de Agricultura na última quarta-feira (1º). Entanto não foi e não se predispôs a conceder uma satisfação sequer à população ou a quem quer que seja. Com o apoio da base governista, isto está virando moeda de troca para qualquer assunto que esteja em pauta na casa e tenha algum apelo popular, assim foi com o já muito debatido “Kit Gay” (como ficou conhecido o Kit que seria distribuído pelo MEC em uma campanha anti-homofobia) e como declarou, na terça (31), o deputado Anthony Garotinho, que não aparecia em folhetins desde as declarações polêmicas no caso CBF, poderia ser em troca da votação da PEC 300. Para os governistas, ao que parece, vale tudo para Palocci não ir à Câmara, que está sendo questionada quanto aos meios para a convocação. Questão que fez com que o seu presidente, Marco Maia, adiasse até a próxima terça-feira (7) a aprovação da decisão. Assim foi dado tempo suficiente para que todas as articulações possíveis e inimagináveis fossem feitas. A encenação ganhou mais alguns capítulos e corre-se o risco de que o Ministro não enfrente a oposição e sua sabatina violenta.
Difícil mesmo de entender é como esta ‘blindagem’ pode ser legítima, como um enriquecimento como este pode ficar a mercê de outros interesses. Os próprios ‘acusadores’ se propõem a retirar a acusação em troca de ‘favores’ ou outros temas, digamos, menos constrangedores... É como se o Ministro, repito, "escolhido" pela presidente Dilma, mesmo ante aos escândalos ocorridos com seu antecessor, não devesse esta explicação. Os Valores Sociais e a Dignidade de que falávamos lá no início "vão de ralo" escândalo abaixo. E como se não bastasse, o Lobby já tão mal falado em terras tupiniquins entra em alta para ser discutido numa manobra clara de inocentar as ações que podem ter levado ao enriquecimento fenomenal. Eu não sei você, mas a sensação que tenho é de que nossos políticos vivem de escândalos, onde o mais importante não é condenar culpados, impedir falcatruas ou semelhante, o mais importante é SER quem acusou, aparecer acusando com toda a ousadia e coragem que a imprensa adora, e tantos votos traz durante as campanhas(se bem editadas), e rezar para que ninguém descubra o seu esquema ou falha... Realmente esse pessoal não precisa de diploma em formação acadêmica, um curso de artes cênicas já basta mesmo.







4 comentários:

Rogério Mansera disse...

É, a situação está cada vez pior, mas o pior mesmo é o povo, que aceita a tudo isso inerte! Essa corja faz o que faz acolhidos na segurança da impunidade... Bem compreensível por mais que seja condenável!

Nívea Paula disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Nívea Paula disse...

Depois de tantos escândalos, fica difícil acreditar na suposta “queda” do Sr. Palocci (nem em seu esclarecimento na data de hoje 03/06. Qual não o salvará!!); na campanha à não votação dos Lobbis e que um dia o “povo” largue a TV (oficina de débeis) e comece a ser mais pró-ativo na luta pelos seus direitos e deveres.
Mais uma vez a sujeira será varrida para debaixo do tapete, triste e ter a certeza que grande maioria da população amanhã não se lembrará de nada, só no final da novela...

Pedro Garcia disse...

A academia de Artes Cênicas irá cobrar explicações...rs
Merecidas inclusive...rs