sexta-feira, 15 de julho de 2011



AH, ESSE TAL DE ROCK AND ROLL...


Certa vez, disse um velho bluesman, chamado Muddy Waters, que o Blues teve um filho e o nome dele é Rock and Roll. Essa talvez seja a melhor forma de explicar a origem desse estilo musical que desde o seu nascimento,por meados dos anos 50, nos Estados Unidos,mexe com o comportamento das pessoas que são tocadas por ele. Da primeira geração de rockers, não há como esquecer de nomes fundamentais como Chuck Berry, Little Richard ou Bill Haley. Que acelerando o blues tornaram a juventude uma época melhor de se viver!

Da segunda geração, o mundo nunca deixa de lembrar de Elvis Presley, o eterno rei do Rock! Título este que deveria ser de Chuck Berry mas, na sociedade americana daqueles velhos idos, um rei jamais poderia ser negro. Bons tempos aqueles que os roqueiros cuspiam fogo, ou melhor, botavam o seu piano em chamas, como fazia o “The Killer” Jerry Lee Lewis! Rebelde indomável, osso duro de roer que nunca baixou o seu topete nem mesmo para a majestade Presley!

Neste período, outros nomes também marcam presença certa na História, como Bo Diddley, Gene Vicent, Eddie Cochran, Buddy Holly e Richie Valens, que transformou uma canção tradicional chamada La Bamba em Rock and Roll. Infelizmente, tanto Richie quanto Buddy Holly, morreram no primeiro acidente aéreo da história do rock. Já Eddie Cochran, morreu em um acidente de carro. Todos eles, jovens, rebeldes e talentosos, morreram cedo demais. E ainda havia muito a nos ser oferecido.

Enquanto os Estados Unidos deixavam seus velhos bluesman esquecidos, numa distante Inglaterra, muitos jovens cresciam ouvindo velhos discos de blues e rockabilly e destes jovens surgiu a invasão inglesa de grupos que provaram que nem o Blues e nem o Rock and Roll nasceram para ser esquecidos. Comandando esse tsunami musical estava o quarteto fantástico de Liverpool, os Beatles! E marcando juntinho, sem deixar a poeira baixar, lá estavam os Rolling Stones! E devo lembrar aqui que, certa vez John Lennon disse que os Beatles eram mais famosos do que Jesus Cristo, tudo bem, alguém respondeu, e os Rolling Stones são mais populares do que o diabo! A invasão inglesa que tomou o mundo de assalto ainda contava com nomes fortes como The Who, The Animals e The Yardbyrds, grupo que destacou três guitarristas fundamentais para a história do Rock: Jeff Beck, Eric Clapton e Jimmy Page!

E se o jovens ingleses faziam barulho, os jovens americanos também precisavam expressar suas emoções, e entre os nomes de maior relevância deste período, está Jimi Hendrix, que ignorado na América, precisou ir até a Inglaterra para mostrar quem era. Nesta época, nos muros ingleses havia pichações que diziam “Clapton é Deus”, mas bastou Hendrix empunhar uma guitarra no palco para provar que não era bem assim. Depois de conquistar os súditos da rainha, Jimi voltou à sua terra natal e se consagrou no festival de Monterey, em 1967, botando realmente fogo na guitarra em uma seqüência antológica que pode ser conferida no DVD The Jimi Hendrix Experience live at Monterey.

Completando a sagrada trindade do rock americano do fim dos anos 60, temos ainda a grande Janis Joplin, cantora excelente que cantava com toda emoção tudo o que passava pela sua alma! Janis ficou para sempre imortalizada por canções como Summertime, Piece of my heart, Cry Baby e tantas outras! Quem completa essa trindade que passou pelo mundo rápido como três bolas de fogo é Jim Morrison, cantor e poeta do fantástico The Doors! Uma banda que dispensava baixo e provocava reações, tanto com suas músicas quanto com suas apresentações! Jimi Hendrix e Janis Joplin chegaram a participar do festival de Woodstock, já os Doors, não foram convidados devido a todas as polêmicas envolvendo o seu vocalista.Talvez nunca os roqueiros incomodaram tanto a sociedade americana como neste período! Um deus negro na guitarra, uma mulher que rompia comportamentos antiquados e um xamã que incendiava platéias! Assim eram Hendrix, Joplin e Morrison.

Flower and Power, nesta época o psicodelismo já tingia as cores da juventude e as drogas (principalmente o LSD) eram usadas como um caminho para uma experiência maior de autoconhecimento e comunhão com o universo. Nos Estados Unidos, bandas como Grateful Dead e Jefferson Airplane faziam a cabeça das pessoas. Enquanto que, na Inglaterra, havia o Pink Floyd, de Syd Barret que lançou uma obra-prima como disco de estréia, The piper at the gates of dawn! E no meio de tantas viagens musicais e lisérgicas, Syd Barret acabou sem condições de permanecer na banda, que prosseguiu sem ele e sobre o comando de Roger Waters, lançou outras obras-primas essenciais aos amantes da música, como por exemplo, os discos The dark side of the moon, Wish you were here (em homenagem a Syd) e The Wall, talvez a mais importante ópera-rock feita até hoje!

Na Inglaterra, no final dos anos 60, surgiram três bandas que ajudariam a influenciar definitivamente o mundo do rock, eram elas, Led Zeppelin, Deep Purple e Black Sabbath. O Black Sabbath é considerado o criador do Heavy Metal, gênero que cresceu e deu filhotes como o Black Metal, o Thrash Metal, o Death Metal e toda uma barulheira infernal que faz a alegria de todo headbanger e a infelicidade de qualquer vizinho que gosta de qualquer estilo radiofônico de música, menos o rock!

No vai e vem entre Estados Unidos e Inglaterra, também é necessário falar de bandas mais sujas e cruas como The Stooges, de um certo Iggy Pop, que com sua performance alucinada (até os dias de hoje), fez a cabeça de alguns moleques que vestiram jaquetas pretas e calças jeans rasgadas e velhas. Esses moleques montaram uma banda chamada Ramones e embora sofreram para ter reconhecimento em solo americano, foram grandes ídolos na Europa, principalmente na Inglaterra, onde foram responsáveis por surgirem bandas com o Sex Pistols, The Clash e tantas outras do levante Punk que bagunçou a monarquia inglesa e deu um chute no saco do tal rock progressivo que com seu virtuosismo e suas músicas infinitas tirava a graça do Rock and Roll!

Ah, esse tal de Rock and Roll, mexe mesmo com a cabeça da gente! Surgiu como música e rompeu comportamentos! Ultrapassou limites musicais e influenciou outras artes como o cinema, o teatro, a pintura, os quadrinhos e tantas outras! O Rock and Roll não pára nunca! Ele é indomável e selvagem! Bonito e maldito! Não importa quantas modas sejam lançadas todos os anos, algumas até mesmo sendo vendidas como “rock”, o que é verdadeiro não passa, não é esquecido por seus verdadeiros amantes!

A coluna Alto Som desta semana é dedicada aos grandes amantes do Rock, esse estilo maravilhoso que na última quarta-feira foi comemorado o Dia Mundial do Rock, dia este celebrado em todo mundo devido ao envolvimento social realizado pelo festival Live Aid, nos anos 80. Segue ainda, um poema meu que resume exatamente quem é esse tal de Rock and Roll!

ROCK AND ROLL



Por aqui todos passam

Mas eu permaneço

As velhas águas lamacentas

Foram o meu berço



Tenho muitas histórias

Para contar

Tenho muitos heróis

Para lembrar



Diante do mundo

Fiz as minhas revoluções

Muitas vezes virei o jogo

E levantei multidões



Quem gritou contra a guerra?

Quem gritou contra a fome?

Quem gritou contra as diferenças

Gritou pelo meu nome



O meu espírito é jovem

Ao lado dos jovens sempre estou

Não importam as modas

Sou eterno, sou Rock and Roll!

Por : Tubarão.



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