sexta-feira, 29 de julho de 2011

ALTO SOM

RATOS DE PORÃO: CADA DIA MAIS SUJOS & AGRESSIVOS!



Quando se fala em Rock Brasil, as pessoas pensam em Legião Urbana, Titãs, RPM ou outros grupos que surgiram nos anos 80 (a década persistente). Mas nos porões do underground tupiniquim, já habitavam criaturas mais sujas e agressivas fazendo um puta barulho que chegou a rodar o mundo várias vezes! Essas criaturas nocivas ao politicamente correto e ao rock colorido de bandas do tipo “mamãe gosta de mim”, são os Ratos de Porão, banda que acumula vários discos no currículo e muito respeito e admiração em várias gerações.

O Ratos de Porão surgiu em 1981, 30 anos atrás, no esporrento movimento punk paulistano. Contemporâneo de grupos como Olho Seco, Inocentes e Cólera (que já haviam gravado o disco Grito Suburbano), participou da segunda coletânea punk brasileira, SUB (junto com Cólera, Delinqüentes e Fogo Cruzado) e lançou o primeiro disco próprio de uma banda punk brasileira, o histórico Crucificados Pelo Sistema (84), que contém hinos como Agressão/Repressão, Morrer, Caos, Não Me Importo e a faixa título, Crucificados pelo Sistema, entre outros.

Depois vencendo todos os obstáculos possíveis, prosseguiram lançando mais discos clássicos para o underground brasileiro e como sempre, fazendo história. Em 86, flertando com o Metal para desespero de alguns punks ortodoxos, lançaram o disco Descanse Em Paz, repleto de caos e agressividade que podem se conferidas em músicas como Cérebros Atômicos, Velhus Decreptus, Juventude Perdida, Paranóia Nuclear , Fora Eu e Descanse Em Paz.

No ano seguinte, 1987, os Ratos assinam com a gravadora Cogumelo e vão gravar em Belo Horizonte e firmam uma grande amizade com bandas locais, principalmente o Sepultura de Max Cavalera. Desse período surge Cada Dia Mais Sujo e Agressivo, disco que mantém a linha crossover adotada no disco anterior e aqui despeja mais clássicos que fazem a alegria dos fãs até hoje! Com o ruído de uma máquina de tatuador, o holocaisto começa com Tattoo Maniac, passa por Plano Furado (homenagem ao plano cruzado do presidente bigodinho), Ignorância, Crise Geral, Sentir Ódio e Nada Mais, entre outras. Cada Dia Mais Sujo E Agressivo teve uma versão em inglês também lançada, tanto no mercado nacional quanto internacional.

Em 1989, o Ratos de Porão lançam o seu maior clássico, a sua obra-prima: Brasil, o disco que retrata as mazelas do país melhor do que qualquer estudo sociológico! São desse disco as músicas que todos adoram cantar, músicas como Beber Até Morrer, Aids, Pop, Repressão, Vida Animal (uma brincadeira brutal com o tema da época do programa dos palhaços Patati Patatá), Crianças Sem Futuro,Plano Furado II (homenagem ao plano cruzado II), Porcos Sanguinários, Farsa Nacionalista e Amazônia Nunca Mais, que abre o disco e possui uma passagem de O Guarani de Carlos Gomes.

E mantendo o pique de um disco por ano, em 1990 sai Anarkophobia. Mais metálico que os lançamentos anteriores esse disco dividiu muitas opiniões, mas também é verdade que além de ser um bom disco, contêm clássicos como Sofrer, Morte ao Rei, Ascensão e Queda, Mad Society e Igreja Universal, que atacava diretamente a instituição financeira do bispo Edir Macedo.

Em 1992, chega finalmente o disco RDP VIVO, que ainda hoje é considerado o melhor lançamento ao vivo dos Ratos. Percorrendo todos os discos, aqui você só encontra clássicos do início ao fim, passando ainda por um cover para Work For Never, do lendário grupo britânico, Extreme Noise Terror, que João Gordo define como “os mais punks do mundo!”

Em 1993, depois de tantas estripulias pela vida da estrada, os Ratos perdem um pouco da noção e lançam um disco altamente descartável em sua carreira, Just Another Crime In massacreland é o que pode ser definido como merda e isso não é um elogio. No entanto, os Ratos continuaram fazendo ótimos shows e dessa época, lembro de um show no Circo Voador (RJ), onde eles tocaram até o tema de abertura de Ultra Seven! Se o japonê do Gordo não era perfeito, isso não foi percebido pelo público!

Em 1995, pela Roadrunner lança os dois volumes de Feijoada Acidente? Brasil e Internacional. Do lado brasileiro, covers para clássicos notórios ou desconhecidos de Garotos Podres (Papai Noel), Olho Seco (Olho de Gato), Fogo Cruzado (Desemprego), Restos de Nada (Classe Dominante), Cascavelletes (O Dotadão Deve Morrer) e a inédita Direito de Fumar, além da irresistível musiquinha que fecha o disco, Nós Somos a Turma, eita maconheirada boa!

Pelo lado Internacional, Feijoada Acidente? Apresentava versões para clássicos de Rattus (Rajoitettu Ydinsota), Black Flag (Police Story), G.B.H. (Big Women), Dead Kennedy’s (Insight), Desorder (Out of Order), Anti-Cimex (Raped Ass), entre outras. Boa época e ótimos trabalhos para limpar a cagada anterior!

Buscando se reencontrar, em 1997 os Ratos lançam Carniceria Tropical, mais esporrento e extremo do que nunca, esse disco apresenta as memoráveis Atitude Zero, Crocodila, Arranca Toco e Colisão. Depois disso vieram a coletânea Só Crássicos, o EP Guerra Civil Canibal, a regravação de Crucificados pelo Sistema que foi batizada de Sistemados Pelo Crucifa, o super crust esporrento Onisciente Coletivo, e outro ao vivo, Ratos de Porão Ao vivo no CBGB. Ainda sem parar, em 2006 foi lançado Homem Inimigo do Homem.

No final de 2010, foi lançado o split cd, RATOS DE PORÃO/LOOKING FOR NA ANSWER, onde os nossos queridos roedores dividem o disco com a banda espanhola e promovem um verdadeiro ataque sonoro! Fora tudo isso, os Ratos ainda lançaram o documentário Guidable: A Verdadeira História dos Ratos de Porão, onde sem papas na língua, contam melhor do que ninguém, toda a sua trajetória! E este ano também foi lançado o DVD Ratos de Porão Ao Vivo no Circo Voador, registro mais do que oficial!

São 30 anos de barulheira no ouvido dos outros e apenas algumas mudanças na formação. Jão, o guitarrista já foi vocalista da banda antes da entrada de João Gordo e voltou aos vocais depois que Gordo saiu, após lançarem o Crucificados Pelo Sistema. Por sorte, o surto do Gordo passou e ele permanece na banda até hoje. Boka, o baterista, é o terceiro membro mais velho da banda, entrou na época que gravaram Anarkophobia. Completa o time o baixista Juninho, que juntos, fazem um dos melhores shows de Rock do Brasil. E dia 21 de agosto, eles estarão tocando em Duque de Caxias com ingressos super baratos: R$10,00 antecipado e R$15,00 no dia. Imperdivel! Os lendários Ratos de Porão permanecem cada dia mais sujos e agressivos!

Por Tubarão.

2 comentários:

Rogério Mansera disse...

O primeiro vinil que comprei na minha vida foi o Descanse em Paz!!!

Resposta Carioca disse...

Grande disco! Muito foda o Descanse em Paz! Começou muito bem!Esse disco é inovador no Brasil, pois unia o Metal ao Punk. Ass: Tubarão.