sexta-feira, 5 de agosto de 2011

ALTO SOM

ZÉ RAMALHO - ZÉ RAMALHO, 1978. Nascido em 1949, originário de Brejo do Cruz, na Paraíba, Zé Ramalho sempre teve sua vida marcada por experiências de muita força e que vieram posteriormente a influenciar toda a sua obra. Da morte de seu pai, afogado em um Açude e a criação pelo seu avô, passando mais tarde pela Jovem guarda e o seu grupo Os Jets, onde subiu ao palco pela primeira vez em um baile. A música veio trazer alegria ao coração onde antes só havia a infelicidade com as aulas da faculdade.Nesta época o sonho começou a se moldar e torna-lo realidade passou a ser um objetivo. Nos anos 60, as sessões do Cinema de Arte, onde toda semana eram exibidos filmes europeus de diretores como Godard, Fellini e outros, também contribuíram enriquecendo o universo em expansão que Zé Ramalho se tornava. Outra grande influência foram os Cantadores, mestres que ensinaram muito da cantoria de viola, suas leis, rimas, filosofias e todos os segredos em geral. O filme Woodstock, as drogas e o flower power, também passaram pelo universo de Zé, que como todo jovem de sua geração, estava faminto por toda informação possível. Em Recife, conheceu dois grandes amigos, Alceu Valença e Geraldo Azevedo. Com Alceu, pouco depois seguiu para o Rio de Janeiro e na banda de Alceu, participou do show "Vou Danado Pra Catende", registrado no LP, "VIVO". Neste show, Alceu abria espaço para Zé apresentar uma canção, "Jacarépaguá Blues". Em 1978, depois de compor a música "Avohai", as coisas começaram a acontecer e ele gravou este primeiro disco, grande diamante da música brasileira. A primeira música, "Avohai", surgiu em uma Revelação Astral que Zé teve e dela veio a letra e a música, com toda a sua força, como um rio que transborda! "Vila do Sossego" é outro achado de grande valor dentro de sua obra, dos versos imortais ( "...Que nas torturas toda carne se trai...) e da música muito bem construída, junto com "Chão de Giz", marcam presença até hoje em seus shows."Chão de Giz", assim como "Avohai" é bastante biográfica e contemplativa. Depois encontramos "A Noite Preta" de autoria de Zé Ramalho, Alceu Valença e Lula Côrtes e "A Dança das Borboletas", de Zé e Alceu, emblemática canção que surge aos nossos ouvidos como um transe psicodélico.Dando prosseguimento, a instrumental, na época "Bicho de 7 Cabeças". "Adeus Segunda-Feira Cinzenta", que começa com os versos de domínio público do refrão "Espelho Cristalino" também utilizado por Alceu. Esta música combina beleza e desencanto, de uma maneira tão perfeita que faz a alma chorar de emoção. "Meninas de Albarã" e "Voa, Voa", fecham o disco com suas melodias cheias de imagens. "Voa, Voa", possui um ritmo mais alto, onde se pode festejar aos versos de: "Quem me quiser querendo/ Vai ter que clarear/ A noite todo dia/ Para a melodia da melancolia vá lhe aperrear!" Zé Ramalho, com toda a sua sabedoria e talento, soube misturar muito bem todas as suas influências, entre elas os ritmos nordestinos e as cores do psicodelismo. Suas canções trazem dentro de si, muitas imagens. Ouvir Zé Ramalho, e principalmente este disco, é como assistirmos um filme com os ouvidos! Muito Bom, DISCO FODA!

Por Tubarão.

Nenhum comentário: