segunda-feira, 6 de junho de 2011

Bons Dias!



 Bons Dias!...

 ...Lembrou-me que também a M. de Assis acudia o alvitre de a uma chrônica começar assim. É cousa de bom tom. Importa antes afagar aos Srs. para a introdução do que vos espera. Pediram-me os correligionários do Resposta Carioca que atendesse ao mister de vos falar de melindroso e escabroso assunto. Não há que se alarmar. É tanto menos escabroso em si quanto o é na forma em que vai consignado. Religião... é, religião. Cousa que em si mesmo não há causar espécie por ordinária que todos a temos. Eu mesmo, cá comigo, sei tampouco porque acedi neste intento. Todos concordam que estão, aí, a demandar maiores cuidados um sem número de outros misteres tanto mais vitais. De acordo. Que as vicissitudes da nação estão a pedir chrônicas em que se ruminem as imperiosas questões de ordem política, ou os iniludíveis sucessos do Football, inda os incontornáveis dilemas da conjuntura econômica, que sei eu?!... A mim, restou-me  a Religião.

 Não sou um homem religioso na vulgar acepção do vocábulo. Tampouco em sua mais latitudinária significação. Sem ser ímpio, ou incréu, guardo comigo, contudo, um átimo de fé, que é quanto basta para o ofício das chrônicas, ou antes, das que versam do melindroso tema. Pensei ser ateu, e nisto vai uma vintena de annos. Empós supus ser cristão cathólico romano de que guardo inda um travo ázimo de hóstia consagrada. Tem já isto uma década, pouco mais ou menos. Eis que termino chronista de insignificâncias religiosas, que é qualquer cousa entre o ateu que fui e o cristão que devia ter sido. Não!... Não, isto me não qualifica para tal cometimento. Jamais pensei persuadi-los de uma tal cousa. É que instado a ilustrar as páginas desta revista e sabendo-me inepto para as ephemérides do Football, da política, ou do PIB, fui constrangido a escolher entre falar de Deus e falar de mim. E, convenhamos, se a palestra com Deus, de quem somos inumerável rebento, consola-nos co´a bem-aventurança de indizíveis carismas, a que os Srs. houvessem ter comigo não os poderia indenizar. Para a solução do terrível dilema concebi falar-vos a propósito de Deus.  Assim que falando-me, ou antes, lendo-me não se aborreciam os Srs. ao supor tratar-se, já, d´um inofensivo preâmbulo para as delicadas tertúlias co´o Padre Eterno.

 É, pois, assim que vos falarei: apenas com a condição de vos remeter a mais sóbrias conversas com a divindade, que tem a superioridade de jamais escrever chrônicas.





Um comentário:

Rogério Mansera disse...

Temática complicada... Estou ansioso para deliciar-me dessas conversas!