sexta-feira, 23 de setembro de 2011

ALTO SOM


E POR FALAR EM ROCK IN RIO, VOLTEMOS AO DIA 23 DE JANEIRO DE 1991.
Por: Tubarão
             
E por falar em Rock in Rio, já que esse é o assunto do momento, seja para o bem ou para o mal, também resolvi falar um pouco sobre este festival. Pra começar a conversa, não fui à primeira edição do Rock in Rio, em 1985, que foi justamente a que contou com os melhores nomes internacionais até hoje! Para se ter uma pequena idéia, nesta edição os felizardos que foram puderam conferir shows de Iron Maiden, Ozzy Osbourne, AC/DC, Queen, Whitesnake, Scorpions, entre outros. É verdade que também houve erros inexplicáveis nas escalações de artistas nacionais e internacionais com estilos tão diferentes, mas isso já virou uma tradição do festival. Por exemplo, a escalação do dia 11/01/85 com Ney Matogrosso, Erasmo Carlos, Baby Consuelo & Pepeu Gomes abrindo a noite para Whitesnake, Iron Maiden e Queen, não foi das melhores! Que o diga Erasmo Carlos, que saiu do palco um constrangimento tremendão devido às vaias que sofreu!
               Mas vou falar da primeira vez que fui ao Rock in Rio, que foi na sua segunda edição, em 1991, no Maracanã. Em uma coisa a turma do Medina é craque, em gerar expectativa no público sobre quais os artistas que serão chamados. Em 90 não foi diferente. Para a noite do Heavy Metal, foi anunciado os nomes de Sepultura ( que estava conquistando o mundo e se preparava para lançar o álbum Arise), lobão, Megadeth, Queensrÿche e Guns’n’Roses. Mas ainda havia um buraco na programação e poucos meses antes do evento foi anunciado o nome do Judas Priest, a grande instituição do Heavy Metal Britânico! Eu já estava super feliz da vida por saber que veria Sepultura e Megadeth mas, quando confirmou o nome do Judas, fudeu! Era impossível conter tanta felicidade e expectativa!
               Os meses passaram, o ano de 1990 chegava ao fim e eu saía reprovado mais uma vez no colégio, mas ainda assim, estava super feliz por ir comprar o meu ingresso! Quando chegou o dia 23 de janeiro de 1991, todo mundo que foi comigo era só felicidade! E como poderia ser diferente? Pegamos o trem na estação de Duque de Caxias e fomos para o Maracanã. Levamos mochila com sanduíche com pão e presunto dentro, o que foi muito útil na nossa empreitada. Próximo ao Maracanã, por volta das 11 horas da manhã, já podíamos ver muitas pessoas com as tradicionais camisas pretas e um vendedor de picolé vendendo o seu produto com um merchandising bem peculiar: “Olha o picolé, sepultura, cova e túmulo!”.
               E por falar em Sepultura, antes dos portões do grande palco do futebol serem abertos, a galera se espremia e gritava um coro que logo tomaria de assalto o país: “Se-pul-tu-ra! Se-pul-tu-ra!”. Quando os portões foram abertos, foi aquela correria e nem sabíamos direito para onde correr! Lembro de ter encontrado um lenço preto de caveiras caído no chão. Este lenço eu tenho até hoje! As horas foram passando e a gente havia recebido um livrinho do CCAA com letras das bandas internacionais que tocariam naquela noite.
               Por volta das 18:30hs, começou finalmente a primeira atração da noite, o Sepultura! E apesar do tempo curto e do som baixo, fez uma apresentação impecável tocando músicas como Beneath the remains, troops of doom, Mass hypnosis, e finalizando em alta classe com a versão de Orgasmatrom, clássico do Motorhead, que estaria presente no Lp a ser lançado naquele ano, o já citado Arise. Embora o tratamento dado ao Sepultura e a outros artistas nacionais durante o evento tenha sido desrespeitoso, a verdade é que o Sepultura saiu do Rock in Rio muito mais fortalecido por mérito de sua incontestável competência e pelo carisma de seu vocalista na época, Max Cavalera!
               A atração seguinte, também brasileira, foi o Lobão. E Lobão foi o escolhido daquela edição do festival para manter viva a péssima tradição de escalar artistas de forma errada para o dia do Metal. Dizem que errar é humano e que repetir o erro é burrice, pois bem, não poderia dar outra coisa. Lobão entrou no palco do Rock in Rio esmagado entre a consagração do Sepultura e a expectativa de ver pela primeira vez o Megadeth em terras brasileiras. Para piorar, como já havia anunciado, Lobão foi tocar com com o apoio da bateria da Mangueira, confundindo o rock in Rio com a Sapucaí! Foi bastante hostilizado e não conseguiu tocar nem seis minutos e depois abandonou o palco dando esporro na galera. Não importava se ele tentou tocar Vida louca vida ou Canos silenciosos, não teve jeito! Público de Metal quer ver bandas de Metal no dia que é destinado ao Heavy Metal e não abre mão disso! Eu mesmo participei da chuva de objetos lançados ao palco e olha que sempre gostei do Lobão, mas trazer bateria de escola de samba para aquela noite era de um desrespeito total com o público que ali estava presente de forma esmagadora. Era querer impor o samba a quem não gosta de samba! Lobão saiu e a bateria insistiu em incitar o público, sobre o comando de Alcir Explosão, que irresponsavelmente poderia ter causado um malefício pior do que ficar expondo aquelas pobres pessoas tocando os seus instrumentos e sendo alvos dos mais diversos objetos até serem expulsos! Tudo isso é parte de um episódio lamentável que poderia ter sido evitado caso houvesse um bom senso da organização do evento.
               Para acalmar os ânimos, nada melhor do que uma boa dose de Metal, ou melhor, Thrash Metal! E eu me lembro de ter visto Dave Mustaine, líder do sofisticado Megadeth, cruzar o palco de um lado a outro fazendo o seu reconhecimento. Lembro também do Nick Menza testando a bateria que estava coberta e enquanto fazia isso, levava o público ao delírio!E quando tudo estava pronto e nossos corações já não conseguiam conter a ansiedade, Dave Mustaine, guitarra em punho veio ao microfone e falou pela primeira vez ao público brasileiro: “Hello Rio, Boa noite! Nós temos um novo disco, Rust in Peace... e esta música é Hangar 18!”. Foi o suficiente para levar todo aquele mar de gente à loucura! O megadeth havia lançado o seu melhor álbum, o citado Rust in Peace e nós tivemos o privilégio de ver isso ao vivo naquela noite! Espetacular! Falar do Megadeth nessa época é até covardia! A banda contava com Dave Mustaine na voz e na guitarra, David Ellefson no baixo, marty Friedman na guitarra e Nick Menza na bateria. Foi um festival de riffs e solos de guitarra inesquecíveis! Das onze músicas tocadas, cinco eram do Rust in Peace! O repertório foi Hangar 18, tornado of souls, Skull beneath the skin, The conjuring, In my darkest hour, Lucretia, devil’s island, Take no prisioners, Holly Wars.., Anarchy in the U.K. e Peace Sells! Matador!
               Depois desse verdadeiro massacre,  fomos dar uma descansada nas cadeiras do Maracanã, pois estávamos desde cedo em pé no gramado, bem próximos do palco e fomos bastante espremidos durante a apresentação do Megadeth. De lá das cadeiras vimos o show do Queensrÿche, já que essa banda não chamava nem a minha atenção e nem a de meus amigos. Após este show, começaram os preparativos para a apresentação do Judas Priest. Lembro que demorou mais um pouco e que depois o palco ficou todo escuro. Quando de repente, ouviu-se o ronco de motor de uma moto. Uma, duas, três vezes e o público levantou ansioso para ver a entrada triunfal de Rob Halford com a sua Harley Davidson no palco! Duvido que houve alguém que não ficou arrepiado naquele momento!
               Com um show de lasers à parte, a banda começou o seu desfile de clássicos! Os primeiros foram Hell bent for a leather, Grinder e hellion/Electric eye. Eu estava em total transe de felicidade e nessa hora eu já estava no gramado outra vez  dei sorte de parar junto a um fã clube do Judas. Nessa época, o Priest havia lançado um de seus melhores discos, o devastador Painkiller e deste disco, veio a música seguinte, All guns blazing, com os vocais agudos de Rob Halford no máximo! Metal gods foi a próxima e logo depois, The ripper! Para dar uma acalmada, nada melhor do que Beyond the realms of death, balada pesada que tem o melhor solo de guitarra, segundo o guitarrista Glenn Tipton. Depois veio Victim of changes e era fantástico ver o entrosamento dos guitarristas Glenn Tipton e K. K. Downing, como também a precisão do baixista Ian Hill e do baterista Scott travis! Além da performance e carisma do vocalista Rob Halford!
               Era chegada a hora de detonar tudo e a escolhida foi justamente a música que dava nome ao disco lançado, Painkiller! Haja garganta para fazer a felicidade dos fãs nesta hora! Chegando na reta final, vieram green manalishi e as mais do que obrigatórias Breaking the law, Living after midnight e You’ve got another thing coming! Fantástico! Fabuloso! Inesquecìvel! O melhor show que eu vi na vida!
               Com o fim da apresentação do Judas Priest, que fez o melhor show da noite, só nos restava ver o Guns’n’Roses, que estava para lançar os dois álbuns duplos Use your ilusion. Mas tirando o público fm e hard rock, o que se via e sentia é que depois do Judas, não havia muita animação para ver o Guns. E para dizer a verdade, o Guns já não era tão hard assim, já dava seus passinhos para o pop. Além de Axl Rose, ainda contava com Slash, Duff e Marty Sorum na bateria. Mas havia mais pessoas na banda e deixaram a banda grande demais. O que no meu ponto de vista, não refletiu bem. O Guns já não era aquele Giuns ameaçador do Appetite for destruction. Bom, o show começou houve as esperadas Welcome to the jungle, Mr. Brownstone, It’s so easy, Sweet child o’mine, you could be mine, Live and let die, Paradise city, entre outras. Durante a apresentação, ainda houve tempo para um solo maçante do Slash, que incluiu até o tema do filme O Poderoso chefão, seria uma piada secreta de ataque ao Axl? Muitos fãs gostaram, coração de fã é cego mesmo! Mas a verdade mé que a noite foi do Judas Priest e vou guardar essa noite para sempre na minha memória, porque voltei para casa, apesar de bastante cansado, extremamente feliz!
               É isso. Para quem for a esta edição do Rock in Rio, que seja tão feliz quanto eu fuio naquela noite de 1991 e que tenham muitas histórias para contar!

Um comentário:

Anderson Andrade disse...

Bacana Tubarão, amanha to la vendo o Motorhead e o Metallica!!!