sexta-feira, 16 de setembro de 2011

ROCK AND ROLL, UMA FASE QUE NUNCA PASSA
Por: Tubarão.

É só uma fase que logo passa, disse a mulher para minha mãe sobre o fato de seu filho estar gostando de Rock. É coisa de maluco, disse um freqüentador de bailes da época. É coisa de gente drogada, disse uma tia. É coisa do demônio, disse um pastor na televisão. É coisa de viado, disse um tio meu. É, o Rock não era bem visto por ninguém, só por quem gostava e infelizmente, as coisas nunca parariam por aí. Todo mundo sabe, você sai na rua vestido de uma forma diferente do padrão cultuado das outras pessoas e logo chama atenção, muitas vezes mais para o mal do que para o bem. E você não está fazendo nada demais, além de se expressar da maneira que deseja para se sentir feliz.

Dizem que as pessoas temem o que não conhecem ou que triste é o riso do ignorante, não posso discordar de tais pensamentos porque, em todos os meus 40 anos de idade, sempre fui alvo de algum comentário infeliz. Não só eu como tanta gente que cresceu ao som de guitarras e artistas que acompanham até os dias que se seguem pelos séculos e séculos! O público que gosta verdadeiramente de Rock, não costuma abandonar seus ídolos no meio do caminho, quando sai da casa dos pais e vai morar com alguém, os discos vão juntos e quando nasce um bebê, com certeza, a criança será muitas vezes ninada ao som de Iron Maiden, Ozzy Osbourne, AC/DC ou qualquer outra banda que o papai ou a mamãe curte!

Preconceitos com a figura do roqueiro sempre existiram, mas outro dia, no FaceBook , recebi uma matéria de um jornal de São Paulo, onde um profissional responsável pela contratação de novos funcionários dizia que as empresas começam a olhar melhor para as pessoas que gostam de rock, pois essas pessoas são mais concentradas no seu trabalho e possuem um conhecimento cultural mais abrangente, como também, muitas vezes está ciente dos acontecimentos mundiais. Fiquei bastante feliz com esta matéria porque, quantas vezes, uma tatuagem ou um cabelo comprido já foram o motivo para tirar a vaga de um profissional qualificado? Minha antiga patroa, disse uma vez que se soubesse que eu tinha tatuagem, ela jamais teria me contratado... e eu fiquei 16 anos trabalhando com ela... preconceitos.

Minha mãe acusa o Rock pelo fato de eu não ter continuado meus estudos, mas não vejo assim. O Rock foi fundamental na minha formação. Me ajudou tanto na literatura, buscando por obras como de Edgard Allan Poe, por causa do Iron Maiden, como também foi de grande importância ao meu bom desempenho nas aulas e provas de inglês, porque muitas vezes, eu pegava os encartes dos Lps e traduzia as letras das músicas. O Rock também me levou até a poesia, porque eu sempre achei ótimo poder se expressar de alguma forma e eu sempre gostei da forma como o Cazuza, Lobão e tantos outros se expressavam, através da poesia!

O Rock, também me ajudou a questionar verdades absolutas e a buscar outras formas de pensamento. Através do Punk Rock, que eu já conhecia desde os anos 80, mas entrou forte em minha vida na primeira metade dos anos 90, fui parar dentro do Movimento Anarco Punk do Rio de Janeiro, ou simplesmente MAP/ RJ. E foi neste grupo que tive acesso a diversos outros grupos sociais, não apenas os anarquistas que, no Instituto de Filosofias e Ciências Sociais da UERJ, no Largo de São Francisco, se reuniam para palestras, debates e estudos; como também tive a honra de conhecer pessoas de movimentos negros, pessoas do Hip-Hop, e pessoas do grupo Atobá, de homossexuais, que já naquela época se reuniam em prol dos seus direitos de cidadãos perante a sociedade.

Hoje, o Rock que aparece na mídia e isso, quando aparece, é um rock minúsculo e fabricado, alegre e vazio, eu sei. Mas de alguma forma, ainda é Rock e mesmo um adolescente entrando neste mundo para ouvir seja, Restart ou Gloria, ainda poderá em breve conhecer outros nomes e descobrir um verdadeiro universo de música e informação, que certamente irá ajudá-lo em seu desenvolvimento sócio-cultural. E com muita sorte, também irá contrariar aquela pessoa negativa e desinformada que sempre diz que Rock é só uma fase que logo passa!

Rock não é moda. Rock é vida!

4 comentários:

João Carpalhau disse...

Brilhante síntese meu nobre Tuba. Roquenrou, uma filosofia de vida.

dani disse...

concordo, concordo, concordo! rock é politização, expressão, contracultura. fase que não passa, yeah!

Luciano S. disse...

saparada putarão! O preconceito caminha de mãos dadas com a burrice e a desinformação, justamente coisas que o amante do rock combate e acaba sendo vitimado.

EDD disse...

EDMILSON SILVA :::>>>TURMA:2001
Também concordo pois o rok e rok e sempre será rok não importa o que digam o rok nunca será
Um estilo mas sim um jeito diferente de viver sendo roqueiro tanto gospel ou não rok e um jeito de se curtir Ronqueou!