segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Felicidade Não Tem Preço

Por: Rogério Mansera
      Muitas vezes fui chamado de hipócrita quando afirmava não gostar de dinheiro. E eu, nem aí! Pouco me importa! Prossigo afirmando que tê-lo em quantidade é a menor de minhas prioridades. Claro que preciso do dinheiro para viver, contudo prefiro acreditar que ele é mera conseqüência de um trabalho realizado. E prossigo ouvindo coisas como: “Você está maluco!”, pois só louco para não gostar de dinheiro; “Você vale o que tem no bolso!”, a pessoa com dinheiro passa a ser importante e querida; “Dinheiro não compra felicidade, mas manda buscar!”, quanto mais dinheiro uma pessoa tem mais feliz ela é... Não creio estar louco por acreditar que os bens mais importantes que o homem pode acumular na vida são: O amor, o respeito, a amizade, a confiança, o conhecimento e o reconhecimento.
      E sinceramente custo crer que alguém que pensa em casar-se com outro cujo maior atributo seja sua conta bancária pode um dia ser feliz. Pois o amor não se compra e quando se negociado torna-se impossível haver respeito entre ambas as partes. Imagina viver sob o mesmo teto de quem não se ama, pela segurança do dinheiro. A pesada convivência de quem apenas tem de manter a aparência de que é feliz. É viver como prisioneiro... Buscar amizade por interesse financeiro me parece igual estupidez. Aí de um lado é viver dedicando-se como um lacaio aos caprichos do outro. Esperar os restos que lhe são concedidos como a um cão servil. -Quem paga vai cobrar o serviço... Do outro lado é viver sem ter em quem confiar; paranóico e infeliz. Quem comercializa a amizade, a meu ver, não é digno de confiança... A amizade verdadeira vem da empatia e a partir de uma série de cuidados mútuos. A amizade verdadeira não tem preço, só existe se cultivada. E assim não será feliz quem paga e muito menos quem vende. Já o conhecimento ele está aí, em forma de textos. Nos livros gratuitamente nos esperando nas bibliotecas, nos museus e na arte, sebos e publicações. Está disponibilizado na Internet ao alcance das mãos. O problema é que ler demanda trabalho e tempo – que a maioria desperdiça na frente da TV ou nas redes sociais, por isso é tão barato – o que não tem valor aparente não é cobiçado.
      A proposta do dinheiro rápido sempre é muito tentadora, seja escolhendo a carreira projetada pelo “mercado consumidor”, conforme facilitam as escolas técnicas, ou mancomunando-se àqueles que se aproveitam da fé pública. Pois digo que estão completamente enganados os que atrelam a felicidade ao dinheiro. Sinto desprezo por quem o coloca num pedestal, e passa a vida fazendo “qualquer negócio” por uns trocados. Corruptos, assassinos, ladrões, charlatães e ditadores ganham muito mais dinheiro que os verdadeiros artistas, intelectuais e cientistas. Pessoas de bem mais valia para a sociedade, que tem cada vez menos valor dentro dessa mesma sociedade – cada vez mais cretinizada a fim de alimentar a grande máquina econômica.
      Eu por minha vez prefiro ter a felicidade de saber das coisas, prefiro a carreira construída honestamente e com trabalho, a certeza de ser amado por quem sou. Imagino que o respeito é conquistado quando se respeita o semelhante e o reconhecimento vem pelo conjunto de sua obra e pela grandeza de seus atos, remunerados ou não.

Um comentário:

Luciano S. disse...

Quando eu soube que o Nélson Rodrigues havia dito: "O dinheiro compra tudo, até amor verdadeiro", eu senti que ele falava à alguns, não a mim. Agora sei que não estou só neste grupo.