quinta-feira, 14 de março de 2013

Fumaça Negra


Por: Rogério Mansera e Wagner de Souza

Crescimento de 22% em 40 anos; elenco de sumidades na Forbes; fenômeno nas redes sociais; uma temida bancada no Congresso Nacional; heroicos defensores da “Tradição” e da “Família”...
O mito do crescimento do protestantismo no Brasil é maior do que o fato. Este mito pretende nos convencer do relativo êxito do protestantismo onde supostamente o catolicismo naufraga. Ele pretende nos persuadir de que é o avanço do protestantismo a causa da recessão do catolicismo. Mentira absurda. Acreditar nisto, é supor que as pessoas estão fazendo uma escolha refletida e idônea entre um e outro. Ora isso é impossível! É bastante para o confirmar, consultar o perfil das pessoas que aderem ao protestantismo: Gente miserável, analfabeta ou sem formação específica alguma, expulsas dos mais remotos e estéreis sertões do Brasil e que vem ao sul/ sudeste para engrossar os números da favelização nestas regiões. É precisamente neste ponto que se situa o problema.

A mensagem salvífica do catolicismo implica que o indivíduo tenha um mínimo de preparo espiritual, fornecido pelos sacramentos do catecismo, do crisma, da primeira comunhão, para que ele enfim possa participar ativa, consciente, e não passivamente da missa. O rito católico prevê uma iniciação do indivíduo em matéria de fé e de ética. A fé Católica implica, do mesmo modo, na compreensão de que sua eficácia repousa no depósito feito  ao magistério da Igreja pelo próprio Cristo. Disto resulta a meticulosa preparação do corpo sacerdotal. Um Padre, que foi antes um seminarista, é alguém versado em matérias que o capacitam para receber este depósito. São sete anos o tempo necessário para a formação de um Padre em contraste com os ínfimos três meses requeridos para a ordenação de um Pastor. Por outro lado o protestantismo, cúmplice da penúria intelectual e espiritual que assola a nação, pede ao indivíduo uma única declaração de fé que muitas vezes é resultado do desespero, do medo, da indigência que a miséria impõe.
E não é difícil ver por aí um evangélico sobraçando a bíblia e acusando os católicos de todo tipo de heresia de que sua miopia espiritual lhes permite ver: - “ Os católicos são idólatras, cultuam à Maria e aos santos antes que a Jesus...” Falam sem conhecimento de causa; é essa uma impressão que resulta da própria natureza bestial destas pessoas. Porque atribuir esse julgamento a um esforço de reflexão sobre o catolicismo, ou mesmo sobre as “virtudes” do protestantismo é um ato de imensa generosidade.

A fórmula dos evangélicos é simples e banal. É de uma teatralidade vulgar e medíocre, infalível para os de mente fraca, para os ignorantes. O culto desenrola-se num palco em que uma banda vibrante e um pastor revolto e maníaco, convicto de suas palavras, alternam-se numa exibição grotesca de gritarias e insanidades que culminam em um show de “milagres”. Sua interpretação transforma um simples versículo ou uma palavra qualquer numa mensagem apocalíptica e ameaçadora. Seu único propósito é o de extrair do público a fé cega em suas palavras e alguns trocados de suas carteiras. Os fiéis são atraídos pela promessa de prosperidade material e resolução imediata de suas angústias. Os pastores encenam o comércio sacrílego da salvação, da misericórdia divina – indispensáveis aos que sofrem. O tráfico das bênçãos de Deus oferece ao crente o entorpecente de uma falsa paz, o que faz do pastor um criminoso tão, ou mais baixo e vil quanto um reles traficante de drogas. É, como o comércio de entorpecentes, um grave problema de saúde pública. O que o protestantismo promete é um Deus avaro e complacente, computando lucros com a oferta de seus favores, capaz de milagres inacreditáveis para o deleite do público pagante. Desde Calvino e seus sucessores o protestantismo apenas vê na prosperidade material o sinal único da salvação.

O catolicismo nada tem a temer do Protestantismo. O programa deste é limitado, sua ambição, medíocre. Seu humanismo é vulgar e plebeu. Como também foi o do Catolicismo. Um e outro disputam com a indiferença cínica e boçal de seu fieis uma guerra sem vencedor.  Porque o público que lota as ruas, aos domingos, munidos de um livro que jamais serão capazes de ler, por lhes faltar o mínimo de instrução; ou aquele que no fundo das paróquias recolhe-se numa prece a Sto. Antonio, responderá ao apelo, à sedução de qualquer outra fantasia barata que lhes preencha a alma vazia. E olha, que eu nem sou católico...

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